Se tem um segmento no Brasil que parece não conseguir
evoluir, esse é o esporte.
É angustiante ver o potencial e a falta de competência que
permeiam esse cenário.
Desde modalidades pequenas até gigantes, como o tão aclamado
futebol, não conseguem aproveitar em quase nada o potencial de suas atividades.
O futebol desperta paixão, emoção, e mesmo assim é lamentável ver como é tratado
no país que se diz “o país do futebol”.
Enquanto outros centros descobriram há anos como gerar
receitas através dessa paixão o Brasil permanece empacado. Os clubes são
dependentes de cotas de TV e patrocínios em seus uniformes. Não são capazes de
gerar receitas extras sustentáveis.
Aí você pode alegar: “- Ah, o clube x tem um programa de
sócio torcedor, que gera receita pro clube, tem não sei quantos mil sócios e
blá blá blá”. Ok, mas e aí? O que é feito com esse público potencial? Se
contentar com essa pequena fatia de receita já está bom?
Aí me vem a pergunta: o que estimula o torcedor a pagar por
um programa desses? A única resposta que me vem a mente é: paixão. Só isso. Os
clubes são incapazes de gerar atrativos que realmente sejam interessantes aos
associados. O que faz com que um torcedor afastado da capital pague mensalmente
por um programa de sócio torcedor? A opção
de comprar ingressos? De garantir preferência? Mais uma vez, e daí? Isso vale para uma pequena parcela de
torcedores desse clube. Clubes com milhões de torcedores comportam no máximo 40
mil (?) por jogo? E o restante dos associados? O que ganham com isso? A s políticas dos clubes é muito rasa. Ainda
se pensa apenas no que se pode receber do torcedor, e não o que se pode receber
com ele. Um torcedor de Presidente Prudente tem qual estímulo para pagar o
sócio torcedor dos times da capital? Quantas vezes por ano ele vai conseguir
aproveitar os benefícios gerados por essa mensalidade?
Os grandes clubes ainda podem contar com esse pequeno aporte,
mas e os pequenos? Portuguesas, Oestes, Noroestes e muitos outros não podem ser
dar ao luxo nem dessas migalhas.
Saindo do futebol e indo pra outros esportes que também tem
grande apreço pelos brasileiros, o vôlei e o basquete. Como sobrevivem essas
equipes? Totalmente por conta de patrocínios e migalhas de direitos
televisivos. A bilheteria é quase que insuficiente para pagar os custos dos
jogos. É muito triste ver essa exclusiva dependência. Num dia você está
disputando título nacional, no outro você está rescindindo contrato de todos os
jogadores. Isso aconteceu com o Bauru Basket Team. Simples assim. O
patrocinador máster decide retirar o patrocínio, com a desculpa de que o país
está em crise, e tudo vem por água abaixo num piscar de olhos. Essa é a
realidade de todas as equipes. Ano passado foi Franca, Limeira, agora com
Bauru. Numa equipe que conta com 5 jogadores de seleção brasileira.
No volêi mesma coisa. A cada ano os atletas vivem a
incerteza se estarão ou não empregados na próxima temporada, onde estarão
morando, onde a equipe desembarcará caso outro patrocínio assuma a conta.
Nem vamos entrar em detalhes de esportes olímpicos que
trazem expressivos resultado ao Brasil e a realidade é ainda pior, como judô,
atletismo, etc. Esse é um ano olímpico. Alguém aí está animado e esperançoso
com as medalhas que o país pode ganhar? Era pra ser um evento memorável, em que
todo um país estaria ansioso com seu acontecimento. As marcas estariam
explorando ao máximo o poder do esporte, de transformação social, de melhorias
no país. Ledo engano.
Cada vez que vejo uma final de NBA, de Super Bowl, de Euro,
de Champions e por aí vai, bate aquela síndrome de vira latas, sabe? Por que o
dos outros é tão melhor que o nosso?
Você percebeu a diferença entre a Eurocopa e a Copa América?
Mesmo essa sendo realizada nos EUA? Pois é.
O problema é muito, muito maior do que Dunga ou Tite como
técnicos da seleção. Do que Bernandinho ou Zé Roberto. Começa no alto. Quando
se tem um ministro dos esportes que foi indicado apenas por politicagem. Um
presidente de entidade máxima do futebol do país investigado por corrupção, que
não pode sair do país, por dirigentes de clubes que só estão ali por prestígio,
por empresários que só querem encher o bolso e se aproveitar dos clubes, por
formadores da base que só querem tirar dinheiro de quem está começando, com a
promessa de que vai chegar lá.
Voltando ao Bauru Basket, quando vejo a segunda equipe do
Brasil tendo que mudar de cidade para jogar uma final de campeonato, pois a sua
não tem um ginásio com infraestrutura mínima, perco um pouco a fé no esporte. Aliás,
no esporte não. Esse é transformador. Perco a fé em quem administra tudo isso.
Em todas as instâncias.
É preciso uma mudança cultural, e é aí que está o problema.
É preciso com que todos enxerguem o esporte com o potencial que ele tem. Desde
a maior rede de TVs, que por perceber esse desespero dos clubes por migalhas
antecipadas de cotas, continua a explorar os clubes e o esporte, até as
pequenas associações municipais que organizam seus campeonatos.
Infelizmente aqui o esporte é só um grande cabide de
empregos.
De qualquer forma, sou amante do esporte. Assisto até
campeonato de burquinha no carpete. Vamos em frente, sempre com um pouquinho de
esperança.
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