Já cansei de começar textos com frases do tipo, “com avanço
da internet”, “com ascensão da tecnologia” e blá blá blá, mas não tem jeito, o
assunto é recorrente. Desculpe-me.
Sendo assim, vamos lá. O assunto hoje é pesquisa.
Com a crescente penetração da internet e das redes sociais
digitais, aliados as possibilidades de mensuração, diariamente surgem novas
pesquisas. Pesquisa de tudo quanto é tipo e assunto.
Recentemente Lula Vieira escreveu uma coluna no jornal
PropMark, intitulada “Puros Chutes” a respeito das pesquisas. Concordo em tudo com
o que li. Ele dizia que muitas pesquisas publicadas e compartilhadas hoje não
tem o menor embasamento. Aliás, esse assunto rendeu novas citações num outro
texto. Se não leu, recomendo. (http://propmark.digitalpages.com.br/
edição do dia 27/05).
Antes o que era de domínio dos grandes players, agora esta na
mão de todos. O termo “Big Data” faz profissionais de marketing suspirar. O
volume de informações geradas e compartilhadas diariamente é incrível. Tudo o
que se gastava meses e meses para se descobrir ha alguns anos atrás, agora é gerado
em apenas alguns segundos.
Mas aí vem o meu questionamento. Até que ponto as pesquisas
são confiáveis? Pra que serve tudo isso?
- Se eu tiver a sorte de alguém estar lendo isso, posso ter
a sorte de alguém responder. Prevejo algumas das respostas:
“ – Monitorar o comportamento do consumidor”
“ – Captar insights”
“ – identificar públicos”
“ – Realizar testes” etc
Tudo isso é verdade, mas a realidade é que pouca gente
descobriu efetivamente como usar tudo isso.
Alguns espertinhos usam de uma forma muito interessante.
Permita-me falar de “causo”: Outro dia estava eu em um
evento de marketing digital (cheio de especialistas da Xoxomidia e da Internet),
e um dos palestrantes fez uma pesquisa com os presentes. A pergunta foi a
seguinte:
– Quem daqui usa o
celular diariamente? Quase que a totalidade levantou o braço, confirmando as expectativas
do nobre palestrante. Nova pergunta: - E quem daqui se conectada a internet
quase todos os dias? Novamente quase todos os presentes orgulhosamente afirmaram
positivamente.
- Estão vendo, concluiu ele. Não dá pra negar que o
marketing digital é fundamental para nossos negócios. Todos hoje em dia usam a
internet. Sua marca não pode ficar de fora.
Não bastasse a brilhante conclusão, um especialista ao meu
lado solta: “- E tem muita gente que ignora isso”.
Sinceramente, nessa hora minha vontade foi questionar o
ilustre palestrante (nem tive vontade de fazer com o meu amigo ao lado) com a
seguinte pergunta: “- E se essa mesma pesquisa fosse feita num outro local,
tipo um encontro da terceira idade, ou numa comunidade muito carente, e meia
dúzia de gatos pingados levantasse a mão. Poderia eu concluir que o marketing
digital não vale a pena?”
Lógico que não, certo?
Pois bem, contei o “causo” apenas para voltar fazer uma
alusão aos tipos de pesquisa que são jogadas todos os dias na internet. É lógico
que num evento de marketing digital, todos afirmariam que usam o celular e a
internet. Até aqueles que não fazem isso com frequência não hesitariam em
levantar as mãos. Logo, essa pesquisa não serve para nada, a não ser informar
pessoas que vão a eventos de marketing digital que todos usam a internet e o
celular. 8-/
O ponto é que, nos dias de hoje, muitos sentem necessidade
de comparar tudo, o que, em muitos casos, gera dados que não revelam uma
realidade. Ex. “Assinantes de TV a cabo superam o número de assinantes de revistas”. Ok, mas qual a lógica dessa comparação? São
produtos concorrentes? Por que eu assinei uma TV a cabo deixarei de assinar uma
revista?
O problema é que muitos se baseiam nessas pesquisas, e pior,
vendem isso para seus clientes. Assim vai se mantendo a arte de gerar baboseira
e publicá-las na internet. Azar de quem acredita.
Segundo minha pesquisa, se você chegou aqui, posso
considerar que achou esse texto interessante, mesmo sendo apenas desabafos de
um publicitário sem nenhum leão pra contar história.
Até a próxima.