Há um tempo, participando de uma mesa de bate-papos na
Universidade do Sagrado Coração (USC) através de um projeto da APP, fui
questionado sobre a importância do meio rádio, se ainda funcionava e se ele
ainda tinha espaço nos investimento de comunicação dos clientes. A pergunta
veio de uma professora, que possivelmente ministrava alguma matéria relacionada.
Respondi a pergunta com minhas considerações, mas não
percebi a importância e a pertinência da mesma. Mas aquilo ficou mexeu comigo.
Apenas alguns dias depois consegui raciocinar sobre a pergunta.
Após esse raciocínio percebi a complexidade da resposta.
Cheguei à seguinte conclusão: não sei exatamente a resposta,
se é que ela permite uma resposta exata.
Pois bem, na minha humilde conclusão, cheguei a alguns
pontos que podem impactar esse questionamento.
Ao contrário do que muitos poderiam pensar de cara, que o
que contribui para que isso acontecesse foi o surgimento da internet, penso que
esse declínio do rádio vem muito antes disso. O grande culpado pelo declínio
são as próprias emissoras de rádio. É lógico que a TV, internet, celulares etc
contribuiu, mas as emissoras também.
Lembro-me dos meus primeiros meses na faculdade de
publicidade quando assisti a uma palestra do saudoso Zé Rodrix. Quando
apresentou técnicas e paixão, com lendários jingles. Ficou marcado o famoso
jingle da Vasp, aquele do coração batendo no ritmo da canção. Achei aquilo
genial, magnífico.
Na minha curiosidade eterna fui procurar outras referências,
e me encantei com muitos spots e jingles de um passado próximo. Era uma
propaganda que me despertava o interesse. Parava o que estivesse fazendo para
simplesmente escutar o comercial. Com certeza essa palestra contribui para
minha perseverança nos estudos, mesmo não sendo da área de criação (eu já sabia
disso desde aquela época).
De uns tempos pra cá, sinceramente, me lembro de
pouquíssimos jingles ou comerciais que me chamam a atenção. Prioriza-se os custos.
As próprias emissoras gravam os comerciais. Manda-se o roteiro, e aquele mesmo
locutor grava seu spot e de mais outros 95 concorrentes. Perdeu-se o fator
diferenciação. Sem contar que isso vem minando a criatividade e tesão nesse
tipo de mídia.
Fico imaginando, fora
dos grandes centros é claro, um atendimento chegando para o cliente e falando,
olha, teremos um custo de R$x mil para criação do seu jingle, pois vamos
contratar o estúdio tal, e o fulano de tal para gravar.
A resposta é sempre a mesma: tudo isso? A própria rádio não
pode gravar?
Com essa prática, o meio vai perdendo força e com isso,
investimentos.
Não dá para reclamar. Assim como as gráficas e jornais
prejudicavam o mercado desenvolvendo layout, as rádios também o fazem. Sem
criatividade a atenção do ouvinte é quase que nula para os comerciais, isso
quando ele não muda de emissora, ou pior, quando ouve diretamente seus mp3s.
Mais esse cenário pode mudar. E espero que isso aconteça.
Recentemente a AlmapBBDO de Marcelo Serpa e José Luiz
Madeira foi escolhida a agência responsável para revitalizar o meio rádio. Pela
primeira vez na história tantas emissoras concorrentes se unem em um projeto
para tentar tirar o status de primo pobre do meio.
Já ouvi muito criativo reclamando que a agência não oferece
estrutura para “viajar”, para criar. Sempre pergunto: “- Vocês criam roteiros
para spot de rádio?” Sempre a resposta é sim. Aí fico pensando: “quer algo mais
fácil do que um modesto spot para você treinar sua criatividade?” O rádio
permite isso, e o melhor, com um custo infinitamente menor do que um comercial
de TV. O rádio é um meio propício para essa experimentação. Então: use, abuse e
seja criativo.
Só me resta torcer.