quinta-feira, 5 de abril de 2012

Não me faça pensar

Com o avanço de outras áreas, como TI e Mídias Sociais, e a competição ferrenha por novos talentos, a cada dia está mais escasso esse ser chamado publicitário. Se for talentoso então, é peça de colecionador.

Com isso, as agências estão tendo que formar desde cedo, moldar e direcionar suas jóias a serem lapidadas. Isso está causando um reboliço no mercado. O cara nem saiu do primeiro ano da faculdade e já se acha o “fodástico”. Assim aumenta as idas e vindas de profissionais pelas agências. Não é incomum encontrar jovens de 23, 24 anos que já passaram por 5 ou 6 agências. Os profissionais de gestão de pessoas e RH estão de cabelos em pé buscando soluções para reter esses talentos nas empresas.

Esse cenário de formação inicial tem mostrado uma realidade preocupante: os novos profissionais têm extrema preguiça em pensar.

Steve Krug lançou, em 2006, um livro sobre técnicas de desenvolvimento web que frisa que um bom site não deve fazer o internauta pensar, deve ser intuito e claro, caso contrário esse usuário deixa de navegar pelo site.  Esse processo parece que “viralizou” para o mundo real.

Talvez influenciados pela internet e principalmente pelas mídias sociais, o processo de pensar está ficando em segundo plano.

As coisas estão cada dia mais automáticas e reproduzem um senso de que: “- Pra que vou pensar se já têm outras pessoas para fazer isso por mim?”

Outra forma de perceber isso são as discussões rasas que assolam as conversas, sejam elas offline ou online. Os discursos são prontos e padronizados. Nas mídias sociais é comum ler replicações e compartilhamento de coisas que a pessoa nem compreende, ou o pior, nem tem opinião a respeito, porém acha cool mostrar que comentou determinado assunto.

Bom, mas voltando ao mercado publicitário, os formadores de novos talentos, isso inclui professores, educadores e líderes, precisam estimular o simples ato de pensar. Com ânsia de fazer acontecer, premissas são ignoradas e isso reflete no final do processo. Problemas que poderiam ser resolvidos de forma simples e rápida ganham tamanhos maiores, geram stress e deixa tenso o ambiente de trabalho, simplesmente por não se ter pensado.

Como é possível desenvolver uma campanha criativa e que traga retorno ao cliente se o pensamento já está em qual filtro pode ser utilizado para dar o efeito desejado a foto? Ou então, como é possível desenvolver um planejamento a longo prazo se o foco está na ação imediata?

Ou pensamos a respeito ou veremos uma geração de novos estudantes e profissionais impondo: peça-me qualquer coisa, só não me faça pensar.

E você, o que pensa disso?