quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A Apple sabe gerar buzz. Os atentos aproveitam-se disso.

Na última semana o burburinho da internet girou em torno dos lançamentos da Apple.

Como sempre os defensores da maçã ficaram em êxtase e os críticos desceram a lenha nos novos Iphones e no wearable Apple Watch (ou Iwatch). Se você espera que eu faça uma análise sobre esses produtos pode desistir da leitura por aqui.

A questão não está no lançamento e nem na tecnologia, mas sim no buzz que gira em torno desses eventos. Pra ser bem sincero não achei os produtos nada de mais (assim como os críticos). Tudo bem parecido com o que outras marcas têm feito no mercado, nos últimos anos, aliás.

Mas uma coisa é certa, tenho que concordar que a Apple sabe fazer barulho. Lançamentos bem mais significativos não receberam nem a metade da audiência que esse evento causou na rede.  Tudo bem, não é de hoje que isso acontece, mas justamente por isso que merece atenção.

Mesmo sem o brilho de outrora, a marca americana consegue gerar expectativa, emoção e alvoroço, mesmo que a maioria das informações já tenham sido divulgadas na rede, dias (e até semanas) antes do lançamento oficial.

As mídias sociais são um universo paralelo, quase que um second life. Mesmo sem entender bulhufas as pessoas já tecem comentários, fazem avaliações e já tiram suas conclusões sobre o produto, que nem mesmo chegou às prateleiras.

Podcasts sobre o assunto já estão disponíveis com títulos como, “... e o futuro dos...”. Como podemos fazer uma análise sobre o impacto de determinado produto na sociedade mesmo sem mesmo produto ter sido testado?

A avaliação disso tudo é a necessidade latente de ser o primeiro a falar determinado assunto, em se posicionar como suposto especialista. Esse é o objetivo. Tentar transmitir uma imagem de referência. E é isso que a Apple faz, mesmo lançando produtos que não oferecem nada mais do que outros já fizerem, só que com convicção.



Sorte de Apple que sabe usar isso a seu favor. Sorte dos atentos, que aproveitam a deixa para ganhar espaço, mesmo sem entender muito.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O Rádio respira por aparelhos, não morreu. Há uma grande esperança em sua melhora.

Há um tempo, participando de uma mesa de bate-papos na Universidade do Sagrado Coração (USC) através de um projeto da APP, fui questionado sobre a importância do meio rádio, se ainda funcionava e se ele ainda tinha espaço nos investimento de comunicação dos clientes. A pergunta veio de uma professora, que possivelmente ministrava alguma matéria relacionada.

Respondi a pergunta com minhas considerações, mas não percebi a importância e a pertinência da mesma. Mas aquilo ficou mexeu comigo. Apenas alguns dias depois consegui raciocinar sobre a pergunta.

Após esse raciocínio percebi a complexidade da resposta.

Cheguei à seguinte conclusão: não sei exatamente a resposta, se é que ela permite uma resposta exata.

Pois bem, na minha humilde conclusão, cheguei a alguns pontos que podem impactar esse questionamento.
Ao contrário do que muitos poderiam pensar de cara, que o que contribui para que isso acontecesse foi o surgimento da internet, penso que esse declínio do rádio vem muito antes disso. O grande culpado pelo declínio são as próprias emissoras de rádio. É lógico que a TV, internet, celulares etc contribuiu, mas as emissoras também.

Lembro-me dos meus primeiros meses na faculdade de publicidade quando assisti a uma palestra do saudoso Zé Rodrix. Quando apresentou técnicas e paixão, com lendários jingles. Ficou marcado o famoso jingle da Vasp, aquele do coração batendo no ritmo da canção. Achei aquilo genial, magnífico.

Na minha curiosidade eterna fui procurar outras referências, e me encantei com muitos spots e jingles de um passado próximo. Era uma propaganda que me despertava o interesse. Parava o que estivesse fazendo para simplesmente escutar o comercial. Com certeza essa palestra contribui para minha perseverança nos estudos, mesmo não sendo da área de criação (eu já sabia disso desde aquela época).

De uns tempos pra cá, sinceramente, me lembro de pouquíssimos jingles ou comerciais que me chamam a atenção. Prioriza-se os custos. As próprias emissoras gravam os comerciais. Manda-se o roteiro, e aquele mesmo locutor grava seu spot e de mais outros 95 concorrentes. Perdeu-se o fator diferenciação. Sem contar que isso vem minando a criatividade e tesão nesse tipo de mídia.

 Fico imaginando, fora dos grandes centros é claro, um atendimento chegando para o cliente e falando, olha, teremos um custo de R$x mil para criação do seu jingle, pois vamos contratar o estúdio tal, e o fulano de tal para gravar.

A resposta é sempre a mesma: tudo isso? A própria rádio não pode gravar?

Com essa prática, o meio vai perdendo força e com isso, investimentos.

Não dá para reclamar. Assim como as gráficas e jornais prejudicavam o mercado desenvolvendo layout, as rádios também o fazem. Sem criatividade a atenção do ouvinte é quase que nula para os comerciais, isso quando ele não muda de emissora, ou pior, quando ouve diretamente seus mp3s.
Mais esse cenário pode mudar. E espero que isso aconteça.

Recentemente a AlmapBBDO de Marcelo Serpa e José Luiz Madeira foi escolhida a agência responsável para revitalizar o meio rádio. Pela primeira vez na história tantas emissoras concorrentes se unem em um projeto para tentar tirar o status de primo pobre do meio.

Já ouvi muito criativo reclamando que a agência não oferece estrutura para “viajar”, para criar. Sempre pergunto: “- Vocês criam roteiros para spot de rádio?” Sempre a resposta é sim. Aí fico pensando: “quer algo mais fácil do que um modesto spot para você treinar sua criatividade?” O rádio permite isso, e o melhor, com um custo infinitamente menor do que um comercial de TV. O rádio é um meio propício para essa experimentação. Então: use, abuse e seja criativo.


Só me resta torcer.