Em recentes eventos, principalmente promovidos fora do país,
alguns especialistas, entre eles, Martin Sorrel, CEO do grupo WPP e Dave Lurh,
CEO da Wieden + Kennedy, foram categóricos em decretar: ”A publicidade morreu”.
Pra quem ficar curioso, a revista Próxxima dessa semana (27/9) traz uma matéria sobre o assunto.
Sempre com o discurso de que a internet e as redes sociais
digitais estão mudando o comportamento do consumidor. Disso não discordo, realmente
plataformas como Facebook, Netflix, Twitter e outros tantos, mudaram a forma
como as pessoas interagem entre si e com os conteúdos gerados e publicados. Porém,
afirmar que a publicidade morreu, na minha humilde visão, é um pouco demais.
Tenho minhas dúvidas quando alguém tenta me convencer de que a publicidade
mudará totalmente a médio e longo prazo, quanto mais decretar sua morte.
Posso sofrer de miopia de marketing, como os anciões do mundo
coorporativo adoram falar, mas sou enfático em acreditar: “A publicidade
passará por transformações, como vêm passando desde sua ascensão, porém, não
acredito totalmente em sua morte. Que já está morta então? Não dá.
O simples fato de nem metade da população no Brasil ter acesso
a internet já seriam um bom argumento pra começar a discussão. Como posso
pensar em personalização de conteúdo, big data e muitos outros termos
marketeiros se uma boa parte da população não tem acesso à energia elétrica?
Os formatos apresentados por muitos CEO, principalmente do
mercado de tecnologia, podem até ser válidos nos EUA, em alguns países da Ásia
e outros da Europa, mas nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, o formato
tradicional de publicidade e propaganda se manterá por muitos e muitos anos. As
agências vão incorporar novas ferramentas, novos cargos serão criados, novos
formatos surgirão, mas nada a de sepultar alguns formatos básicos de
publicidade.
Assim como o rádio não morreu, o jornal não morreu, nem
mesmo a listinha telefônica impressa morreu, não consigo assimilar que tudo
dará lugar a tecnologia e a internet.
Ainda há muitas barreiras pra isso começar a se tornar
realidade, algumas delas: a TV ainda domina o mercado de comunicação, no Brasil
e no mundo (vide Super Bowl), a grande maioria das linhas telefônicas celulares
no Brasil são pré-pagas, com acesso a internet lento. A falta de acesso as
tecnologias ainda é um abismo na maior parte dos municípios do país, entre
muitos outros.
Eu apostaria que o que acontecer é que, cada vez mais a comunicação
vai ser segmentada, serão criados nichos, agrupamentos. O formato de comunicação
vai depender dessas distribuições, independente se é publicidade, propaganda,
branded content, pr, etc
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